Emoção marca sessão especial na ALBA pelos 10 anos do Programa Todos pela Alfabetização

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Foto: Gabriel Carvalho - Ascom/Educação
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dona Evany Rocha, 84 anos, estava emocionada na sessão especial, realizada na Assembleia Legislativa da Bahia, nesta sexta-feira (4), em homenagem aos 10 anos do Programa Todos pela Alfabetização. A ex-copeira está entre os 1,5 milhão de baianos alfabetizados pelo Topa ao longo desta década e falou do sentimento de ser alfabetizada depois dos 80 anos. “Nunca tinha frequentado uma escola em toda a minha vida, até que surgiu a oportunidade do programa e resolvi apostar, mesmo já na idade que estou. O TOPA me fez entender o significado do conhecimento para a nossa vida”, comenta emocionada.
 
A deficiente visual Luciana Xavier, 35 anos, também falou sobre o que o ato de aprender a ler a escrever representou para a sua vida. “Minhas aulas do Topa eram no Instituto dos Cegos, no Barbalho, e foi essa chance que tive que me fez mais feliz, a partir do ano passado, quando ingressei no programa. O TOPA significa tudo na minha vida porque, graças a ele, hoje eu sei ler e escrever”, contou Luciana, que foi chamada na tribuna da Assembleia Legislativa para dar o seu testemunho.
 
Além dos alfabetizandos e alfabetizadores do TOPA, a sessão especial, proposta pela deputada estadual Neusa Cadore, contou com as presenças dos secretários da Educação, Walter Pinheiro, e de Desenvolvimento Econômico da Bahia, Jacques Wagner, da coordenadora de Projetos Especiais da Secretaria da Educação, à qual o Topa está vinculado, Elenir Alves, de representantes de parceiros do programa - prefeituras municipais e entidades dos movimentos sociais e sindicais, universidades públicas e institutos de Educação sem fins lucrativos.
 
O secretário Walter Pinheiro falou que o Topa é um programa de inclusão e reparação. “O TOPA foi um desafio pautado pelo governo estadual que se instalou em 2007, tendo à frente o governador Jacques Wagner. A Bahia ainda está precisando fazer muita justiça ao ex-governador baiano, porque ele teve a coragem de plantar um planejamento para o nosso Estado até 2035 e um dos pilares é, justamente, a Educação. Ele teve a percepção de que não é possível falar em avanço na Educação, tanto em nível estadual como no Ensino Superior, sem se resolver um gravíssimo problema acumulado, que é o analfabetismo”.
 
 
Desafio
O TOPA, completou Pinheiro, teve a proeza de atingir a milhões de baianos e o desafio, agora, é dar sequência à base implantada pelo programa. “O governador Rui Costa teve a sábia decisão de unir o programa ao Pacto pela Educação, em um regime de colaboração entre o Estado e os municípios, dando a essas pessoas, que foram vítimas durante anos e anos ao não acesso à Educação na idade certa, mais dignidade para que sejam reinseridas na sociedade. O nosso novo desafio é pegar essas pessoas que foram alfabetizadas e fazê-las voltar à escola para aprender e aprimorar técnicas de suas atividades profissionais para que possam, efetivamente, dar o passo seguinte em suas vidas”. O secretário também criticou a postura do governo Federal, que cortou verbas do programa, este ano, diminuindo o alcance e o atendimento ao público-alvo do TOPA.
 
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Jacques Wagner, também falou sobre os dez anos do TOPA. “Este momento em que o programa completa uma década de existência representa uma importante caminhada na busca pela dignidade e cidadania, porque era uma vergonha que a terra de Cosme de Farias, Castro Alves e Anísio Teixeira e tanta gente mais dedicada à Educação tivesse o maior número de analfabetos do Brasil. Então, não podíamos manter essa marca e lançamos o programa. Estamos aqui para celebrar algo que é fundamental na vida de qualquer pessoa, que é o acesso ao conhecimento. Hoje, comemoramos os mais de 1,5 milhões de alfabetizados, até 2016, e os 32 mil professores que, enfrentando todas as dificuldades inimagináveis, venceram o desafio proposto pelo TOPA, que considero muito emocionante porque estamos falando não de números, mais de vidas”.
 
Alfabetizadores
A professora do TOPA, Andréia Santana, do município de Ibotirama, também estava em festa. “É muito gratificante, para mim, ensinar a essas pessoas, a maioria feirante, que não tiveram a oportunidade na idade certa e vê-las escrevendo, lendo, fazendo contas, facilitando a sua vida pessoal e no trabalho. E eu aprendo muito com eles”, revelou, emocionada, a professora que para dar aula atravessa o rio de barca rumo à Ilha Grande, onde moram os seus alunos.
 
A sessão especial contou, ainda, com as participações dos ex-secretários da Educação do Estado, Adeum Sauer e Osvaldo Barreto, e representantes de entidades dos movimentos sociais e de instituições de Educação, como o Instituto Paulo Freire. 

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